A História da História
Nasci em 1972. Quando eu era criança, tinha dois sonhos recorrentes: em um deles eu aparecia voando, no outro respirava dentro d’água. Cresci buscando experiências que me devolvessem a sensação primeira dos meus sonhos de infância.
Acabei colecionando retalhos: 15 anos dedicados ao trabalho como dançarina de flamenco, 7 anos praticando o estilo odissi de dança clássica indiana, curso de Letras, licenciatura em Artes Plásticas, um ateliê de joalheria de autor, e muitas dúvidas.
Somente em 1998, a partir de uma especialização em Arte Educação, quando fui iniciada na arte de contar histórias, no trabalho com educação infantil e no universo da cultura popular brasileira, vislumbrei uma renda inteira "do lado de lá" dos retalhos.
Desde então, contar histórias tornou-se meu "através". Através dessa arte rendeira venho me costurando por dentro: recontando, escrevendo, dançando, cantando, compondo elementos cênicos e compartilhando em cursos meus relatos de experiência.
As histórias são como peixes voadores!
Histórias de Boca
"Histórias de boca", como dizem os narradores tradicionais e também as crianças, são narrativas de tradição oral.
Histórias que brincam de muitas formas dentro de cada pessoa:
a Arte de narrar se faz no Encontro.
Fui integrante da Cia Palavra Viva (direção Regina Machado) e aprendi com narradores de diversos países.
Eu me tornei "cantadeira" aprendendo com a música tradicional do Brasil e participei dos CDs Abra a Roda Tin Dô Lê Lê (Lydia Hortélio) e Cantos de Trabalho II (Cia Cabelo de Maria).
Aprendo sempre com as crianças. Minha dissertação de Mestrado em Ciências Humanas, Imaginário e o motivo mítico do regresso ao útero: uma pesquisa narrativa acerca do faz de conta infantil , é uma investigação de experiência com a Educação da Sensibilidade, nas escolas Casa Redonda e Ciranda Educação. Desde 2003, ministro cursos no Instituto Brincante, entre outros espaços.
O primeiro projeto de narração artística que realizei foi a trilogia Dançando Histórias - Contos Indianos, Contos Flamencos e Contos Brasileiros, reunindo danças, cantos e contos tradicionais. Aos poucos, o flamenco foi se "abrasileirando", cantigas brasileiras foram se "aflamencando" e outras se transformaram em mantras hindus. Ainda hoje, essa linguagem-fusão marca o cardápio de "Histórias de boca" que apresento. Meu espetáculo narrativo O Papagaio Real foi contemplado pelo ProAC Editais 2020.
Escrevi o monólogo Aguadouro (direção Ricardo Vieira) e o livro para educadores Histórias de boca: o conto tradicional na educação infantil (selo Panda Educação). Sou autora de contos e recontos que receberam importantes prêmios de Literatura Infantojuvenil.